O passeio deste domingo foi coroado de êxito e emoção...fomos conhecer essa cidadezinha onde Van Gogh passou seus dois últimos meses de vida e pintou cerca de 70 telas...é um lugar encantador! As construções todas preservadas, a maior parte das residencias é mantida como era no passado, com o mesmo traço de chalé medieval...lá voce se encontra na verdadeira França, de franceses falando frances, diferentemente da capital Paris, onde o que você menos escuta hoje em dia, seja na rua, seja no metrô, é a língua francesa.
A invasão de etnias nesta cidade (Paris) é alarmante, prá não dizer aviltante!
Auvers-sur-Oise é uma das seis localidades que formam La Vallée de L'oise, todas elas às margens do rio Oise.
O que a distingue das demais é o fato de ter atraído uma geração de pintores paisagistas e sobretudo impressionistas no final do século 19, tornando-se assim uma pequena capital da arte. Daubigny, Cézanne, Corot, Pissaro e Van Gogh entre outros, ali buscaram sua inspiração. Em Auvers-sur-Oise tivemos a oportunidade de visitar grande parte dos lugares que eles imortalizaram através das suas telas e foi grandioso poder observá-los em paralelo com uma reprodução de cada obra, conforme eu mostro a seguir, nos quadros de Van Gogh:
Église d´Auvers-sur-Oise - Notre Dame de L´Assomption
Le Champ de Blé aux Corbeaux
La Pluie
L´Escalier d' Auvers - esta então, a gente olha para a imagem da tela que está afixada no muro do Museu ali perto da escadaria, depois olha para a escadaria...inevitável a sensação esquisita de saber que um dia Van Gogh esteve ali mesmo, naquele ângulo, e retratou essa imagem em tela...é muito real e irreal ao mesmo tempo...
Fizemos também uma visita ao cemitério onde Van Gogh foi enterrado, ao lado do seu irmão Theo...é em frente ao campo de trigo e lavouras que ele retratou na tela La Pluie e em outras tantas. A gente andou por esses campos e a sensação foi incrível, uma vastidão, silêncio, paz...andar por ali, pisando onde ele sempre ia...foi mesmo uma experiencia e tanto...
Depois de vivenciar essa experiencia nos campos de lavoura foi a vez de conhecer a casa onde ele alugou um quarto minúsculo (7m2) e viveu seus dois últimos meses. Hoje é museu e chama-se Maison de Van Gogh, mas na época era o Auberge Ravoux. Pela superstição devido ao fato de ter sido o cenário do seu suicídio, este quarto nunca mais foi alugado e passou a ser chamado de "quarto do suicida". Este é o único lugar em que Van Gpgh viveu que permanece originalmente preservado e não pode ser fotografado. Este quarto tornou-se o menor museu do mundo! Quando comecei a subir as escadas e ao adentrar o quarto eu tive uma sensação arrepiante, não sei descrever. É muito forte a impressão que ele deixou nessas paredes, na simplicidade e nudez do ambiente...uma vida muito infeliz, triste, solitária...
Durante a visita há a apresentação de um video sobre Auvers-sur-Oise que foi montado com comentários do próprio Van Gogh extraídos de sua correspondencia e a gente assiste àquelas imagens tão antigas ao som do piano de Strauss ...
Este é o quartinho de Van Gogh no Albergue RAVOUX em 1890, ainda carregado de emoções e lembranças. Ele, que amava a luz, tinha apenas uma clarabóia prá deixar entrar a claridade do dia...
É também em Auvers-sur-Oise que fica o Musée de l´Absinthe, bebida popularmente conhecida como a "Fada Verde" em virtude de um suposto efeito alucinógeno. Assim como os demais artistas da época, Van Gogh consumia muito essa bebida, ela era fonte de inspiração para eles. Diz-se que as pessoas "enlouqueciam" e fez muito estrago na época até ser proibida em 1915.
O absinto é uma bebida destilada feita a partir da erva Artemisia absinthium. Anis, Funcho e outras ervas também podem compor o produto. Foi criado e utilizado primeiramente como remédio pelo Dr. Pierre Ordinaire, um médico francês que vivia em Couvet, na Suíça, por volta de 1792. Por vezes, é incorretamente classificado como licor, quando na verdade é uma bebida destilada.
Charles Baudelaire, Paul Verlaine, Arthur Rimbaud, Oscar Wilde, Henri de Toulouse-Lautrec, Edgar Allan Poe e Aleister Crowley também eram adeptos da fada verde.
Como tantas outras cidades no interior da França, Auvers também tem o seu castelo com jardins maravilhosos. Prá mim esses cenários e paisagens são sempre encantadores porque desde o tempo da SISSI (quem lembra?) os castelos habitavam o meu imaginário. Ali reina uma paz tão grande quanto o céu aberto que se pode ver.
Explorar a cidade a pé é elementar porque a arquitetura merece um olhar mais demorado...ruas estreitas, por vezes sem calçadas...
Essa escola é bem característica das escolas francesas de antigamente...observe-se que há duas portas de entrada, uma para meninos e outra para meninas!
O rio Oise que margeia a cidade...
...com uma trilha em toda a extensão para as caminhadas...é muito bonito.
Dedico esse blog à minha filha Katine, que se formou em Artes e conhece bem a história desses pintores impressionistas, suas técnicas, suas particularidades... Beijocas!